sexta-feira, 30 de junho de 2017

O conselho de Gamaliel representa o pensamento cristão?

Em nosso Brasil hodierno, as seitas pseudo-cristãs tem se multiplicado com tal rapidez, que é possivel presenciar diariamente o surgimento de diversas instituições eclesiásticas que, apesar de exibirem a alcunha de “cristãs” ou “evangélicas”, pouca semelhança têm com Cristo e seu evangelho. Tais movimentos, apesar de falarem no nome de Deus, trazem em seu bojo doutrinário uma série de preceitos alheios à Palavra de Deus. Correntes de libertação, pregações triunfalistas com ênfase em prosperidade financeira e muitos milagres são exibidos pelos apóstolos do momento. Estas lideranças costumam valer-se dos milagres para autenticar seus ministérios e amedrontar aqueles que lhes são contrários.

A intimidação espiritual e a falta de exegese autêntica são as marcas destes ministérios emergentes. Certo tele-apóstolo, aquele que cura as pessoas com a sua “sudorese santa”, costuma respaldar-se nos milagres que produz. “Olha o milagre aí igreja! Quero ver dizer agora que eu não sou homem de Deus.” – reverbera Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus. “Se essa obra não for de Deus, vai acabar; mas se ela for de Deus, ninguém vai nos parar” –diz o apóstolo, supostamente respaldado pelo conselho de Gamaliel, em At 5.34-39:

“Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que, por um pouco, levassem para fora os apóstolos; e disse-lhes:

Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens.
Porque, antes destes dias, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.
E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus”.

O argumento apresentado por Gamaliel, famoso rabino da seita dos Fariseus, tem sido perpetuado como sendo um conselho verdadeiro e inspirado. Muitos defensores dos novos movimentos de fé também se valem deste argumento quando dizem:
“Não fale do bispo tal, porque ele é ungido de Deus. Aliás, se ele não é de Deus, como a igreja dele cresce tanto? Deixa ele, pois se essa obra for de Deus, você estará lutando contra Deus!

”Onde está o problema com o conselho de Gamaliel?"

Em primeiro lugar, devemos reconhecer que na Bíblia há registros inspirados e mandamentos inspirados. Ela é descritiva e prescritiva. Por exemplo: A Bíblia descreve algumas das mentiras de Satanás, mas ela não ensina a mentira. As mentiras do diabo, portanto, são descrições e não prescrições. Ela também descreve o adultério de Davi, mas não prescreve o adúltério. Ela descreve a traição de Judas, mas isso não quer dizer que o cristão deve trair a confiança dos seus amigos. A boa heremenêutica nos exorta a reconhecer que nem tudo o que está na Bíblia é um mandamento para o cristão.
O mesmo acontece com o conselho de Gamaliel. A Bíblia o descreve, mas não prescreve sua atitude como correta. Ora, Gamaliel sequer era cristão; muito pelo contrário: Ele era membro da seita que mais se opôs ao cristianismo durante os primeiros anos da sua existência. Além disso, a premissa de Gamaliel não resiste à prova da história: A experiência humana tem se encarregado de provar que o argumento deste rabino judeu não passa de uma grande falácia.
Quantas seitas que surgiram desde antes do advento do cristianismo, e que perduram até hoje?
Tomemos como exemplo o budismo. A seita fundada por Sidharta Gautama mais de 500 anos antes do nacimento de Cristo perdura até hoje, tendo milhares de adeptos ao redor do mundo. Ora, se o argumento de Gamaliel estiver correto, então serei forçado a crer que o budismo, religião que ensina a reencarnação, animismo e tantas outras abstrações, também é de Deus! Lembre-se que passaram mais de dois milênios e a religião contina crescendo em número de adeptos, inclusive aqui no Brasil. O mesmo pode ser dito do Confucionismo, Jainísmo e Taoísmo, todas com mais de quatro séculos antes do cristianismo! Numa tradição mais recente está o maometismo (islamismo), com cerca de quinze séculos de história, o que segundo o conselho de Gamaliel, é mais do que suficiente para justificar a fé terrorista que se impõe por meio da espada.

Gamaliel versus Paulo de Tarso.

Apesar de ter sido instruído aos pés de Gamaliel, o ex-fariseu Paulo de Tarso não se deixava enganar pelo seu estranho pressuposto do antigo mestre. O apelo à “tolerância” de Gamaliel fora abandonado tão logo o cristianismo começou a ser bombardeado pelas doutrinas dos falsos mestres. Diferente de Gamaliel e seu apelo à conivência, o apóstolo dos gentios se opôs a tudo aquilo que pusesse tropeço a obra de Deus:

Repreendeu a Pedro na cara, por sua dissimulação – Gl2.11-14
Mandou Tito “tapar a boca” dos falsos mestres – Tt 1.10-11
Chamou os falsos obreiros de cães – Fp 3.2
Citava nomes, quando julgava preciso – 2 Tm 2.17; 2Tm 4.10
Paulo não estava disposto a seguir o conselho de Gamaliel. Ele já não estava submisso ao antigo rabi. Seu mestre agora era outro, o Cristo.

Gamaliel versus Jesus Cristo

Penso sinceramente que estes que se respaldam em Gamaliel estão em franca oposição ao evangelho. Ora, diferente do rabino fariseu, que em sua “extrema prudência” nos conclama a abrir mão do sublime dom de discernir, crendo que Deus dará aos falsos mestres o mesmo destino de Teudas e de Judas Galileu (At 5.36-37), ordenando sobre eles perseguição e matando-os à espada (bem ao estilo dos fariseus!), Cristo nos ensina a discernir a conduta dos falsos mestres, julgando-os à luz dos seus frutos:

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? […] Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” – Mt 7.15-19
Jesus ensinou que não devemos nos deixar seduzir por milagres, pois, diferente do que diz o teleapóstolo da Igreja Mundial do Poder de Deus, os milagres não autenticam o ministério de ninguém:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” – Mt 7.21-23.

Ora, ainda sobre milagres, cabe dizer que João Batista não realizou nenhum milagre (Jo 10.41), mas Jesus testificou dele dizendo que ele foi o maior entre os homens (Mt 11.11). Por outro lado, o ministério de Judas foi seguido por sinais (Mt 10.1), mas Jesus testificou contra ele chamando-o de diabo! (Jo 6.70)

Esclarecimento:

Texto em resposta à centena de anônimos que, possuídos de uma ignorância sincera, ou por uma intencional vontade de criticar os críticos e julgar os juízes, mencionam o conselho de Gamaliel como refutação às denúncias, exortações e elucidações apologéticas do www.jonirwalendorff.blogspot.com
(BLOGS DE JONIR WALENDORFF)

quinta-feira, 15 de junho de 2017

O DOM DE LÍNGUAS

O assunto deste estudo bíblico é "O Dom de Línguas". Está baseado na primeira epístola de Paulo aos Coríntios, capítulos 13 e 14.

v. 1 "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

v. 2 E ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

v. 3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

v. 4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

v. 5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

v. 6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

v. 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

v. 8 O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

v. 9 Porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;

v. 10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

v. 11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

v. 12 Porque agora vemos como por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

v. 13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

O DOM DE LÍNGUAS!

Primeiro se pergunta: que vem a ser tais línguas? Serão um ruído estranho que ninguém entende? O que é uma língua? Língua, alguém disse bem, é idioma; é sistema de palavras que exprimem pensamentos falados por um certo povo. Língua = idioma. Exemplos de línguas: o Inglês, o Alemão, o Português, o Chinês, o Árabe, o Latim. O latim, hoje, não é falado por um determinado povo; é uma língua antiga, arcaica. Mas não deixa de ser uma língua. É um sistema de palavras que exprimem pensamentos; sistema falado por um certo povo. Isso é língua. Tudo o que sai da boca em matéria de barulho é língua? Há gente que não sabe o que é uma língua! A razão porque muitos interpretam mal o "Dom de Línguas" é porque não sabem nem o que significa uma língua.

No dia de Pentecostes, Deus manifestou a presença do Espírito Santo através de milagre verdadeiro. Falaram-se línguas. Não se fez barulho incompreensível. Falaram-se línguas, idiomas.

Quereis ver? Atos 2:6-11.

v. 6. "E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

v. 7. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?

v. 8. Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

v. 9. Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotamia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,

v. 10. E Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,

v. 11. Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus." (Edição Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original, versão da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil).

O que se fez no Pentecostes foi falar línguas. Línguas estrangeiras ou estranhas. A palavra "estranha" pode ter dois sentidos. Ela pode ter o sentido de "esquisito" e ela pode ter o sentido de "estrangeiro". E muita gente pega o sentido errado da palavra. Acha que língua estranha tem que ser esquisita, indecifrável, não conhecida por qualquer povo ou nação.

É que o assunto da Bíblia é de línguas estrangeiras. "Línguas estranhas" na Bíblia são estrangeiras, línguas exteriores, de outros países. Não são línguas esquisitas, nem falsos idiomas, mas línguas verdadeiras, faladas por algum povo. Não são línguas de anjos. Não tome isso como uma coisa esquisita.

Paulo diz o "amor nunca falha" (I Cor. 13:8). "O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;"

Interessantes as coisas que Paulo menciona como sendo temporárias, que vão desaparecer, que vão cessar. Ele coloca juntas três coisas que cessarão: línguas, profecias e ciência.

"Ciência" aqui deve ser entendida, não como o que entendemos hoje por ciência, ciência humana, ciência natural. Não. "Ciência" é sinônimo de "conhecimento". É um dom do Espírito Santo, dom de um conhecimento sobrenatural. Aqui não se diz que a "ciência" vai cessar no sentido atual da palavra ciência. Pelo contrário, Daniel diz, neste sentido, que a ciência se multiplicará. Não está Paulo falando de ciências físicas ou naturais. Não está falando dos conhecimentos tecnológicos do mundo. Estes estão se multiplicando, não estão cessando. Aqui "ciência" é um dom sobrenatural de conhecer verdades que o Espírito Santo revela. Em outras palavras, aqui entram revelações, revelações especiais de Deus. E os três dons iriam cessar, disse Paulo, línguas, ciência e profecias.

A última profecia que eu encontro nas páginas da Bíblia é o Apocalipse. As profecias da Bíblia com o Apocalipse já são suficientes como revelação profética de Deus para o mundo. O Apocalipse fala do que está para acontecer; fala da grande tribulação que há de vir; do milênio, quando Cristo vai reinar durante mil anos sobre o planeta; fala dos novos céus e da nova terra; fala da eternidade. Não deixa margem para mais nada, além da Bíblia, que diz respeito ao futuro. Mais nada do que isso é necessário conhecer. Se todos compreendessem isso, não iriam acreditar em profecias posteriores ás da Bíblia como revelações de Deus: "revelações" outras supostas, como o Alcorão, que os maometanos ou muçulmanos usam como sua escritura sagrada, as chamadas profecias ou "revelações" de Joseph Smith, dos Mórmons, e outras. As profecias da Bíblia são suficientes .

Revelações? Quem tem revelações hoje? Geralmente são pessoas dadas ao ocultismo, ao espiritismo. Mesmo certos evangélicos acham que estão tendo revelações. E chegam a dizer: "Eu fui revelada", ou "eu fui revelado". Revelado do que? E quem te revelou? Foi o Espírito Santo? Atribuem tudo isso ao Espírito Santo. E, se a gente disser que isto não é bíblico, porque as revelações cessaram com a Bíblia, que a Bíblia é a ultima revelação de Deus aos homens, dizem ou dão o entender: "Você está blasfemando contra o Espírito Santo. Cuidado! Está dizendo que não é o Espírito Santo que revelou aquele sonho que eu tive? Isso é blasfêmia contra o Espírito Santo!" Outra má interpretação.

Paulo explica por que iriam cessar estas coisas. Isto está bem explícito nos versículos de I Cor. 13:9-13. Por que iriam cessar? A Bíblia diz por quê.

v. 9 "Porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos;

v. 10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado"

(em outras palavras, isto que é parcial, incompleto, vai dar lugar aquilo que é perfeito ou completo. A palavra "perfeito" também pode ser traduzida por "completo".).

Qual é o assunto aqui? Não é o conhecimento? Agora conhecemos como? De um modo parcial. Nós conhecemos de um modo incompleto. Conhecemos o que? Conhecemos aquilo que Deus quer revelar. O assunto é conhecimento da revelação de Deus. Esse é o assunto.

Irmãos, se todos compreendessem esta boa regra, este bom princípio de interpretação da Bíblia, bom princípio da hermenêutica, que consiste em interpretar o texto à luz do contexto, se todos conhecessem este princípio, fariam menos erros com a interpretação da Bíblia.

Nós temos que interpretar o versículo que trata daquilo que virá, como perfeito, à luz do assunto. Qual é o assunto? É a vinda de Cristo? Não. O assunto não é este. O assunto é conhecimento. Paulo está comparando conhecimento incompleto, com conhecimento completo. Agora temos conhecimento incompleto. Vai chegar o dia em que vamos ter o conhecimento perfeito. "Quando vier" o que é perfeito, !o? perfeito, isso que é parcial será aniquilado. Isto é, quando viesse a revelação completa, a Bíblia completa, as revelações parciais cessariam.

Estas profecias, ou estes dons de revelações, ou de línguas, como as do pentecostes e outras, estes dons eram revelações parciais, incompletas, de Deus aos homens.

Deus não dizia !tudo? através das línguas. Deus dizia !alguma coisa? para a igreja. Mas chegaria o tempo quando Deus iria falar de uma maneira completa. Sim, eles tinham o Velho Testamento, na ocasião do Pentecostes, mas o Novo Testamento ainda não estava escrito. O livro do Novo Testamento não estava escrito. As Escrituras do Novo Testamento começaram a surgir depois da morte de Cristo, de sua ascensão, e se completaram antes de terminar o primeiro século, pelo que indicam os estudiosos da matéria.

O assunto é conhecimento. "Quando vier o que é perfeito ...". Qual é o assunto? Conhecimento perfeito. O assunto é este, não a vinda de Cristo.

"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino."

Aqui está uma ilustração de coisas que se têm na infância, para dar lugar às coisas que vem na maturidade. Na infância da Igreja, Deus usou de dons especiais do Espírito Santo: línguas, profecias, ciência. Mas eram dons verdadeiros. Nada de falsificação da parte do Espírito Santo. Ele produzia línguas de verdade, não falsas línguas. Mas mesmo estas coisas verdadeiras que eram dons do Espírito Santo na infância da Igreja, no começo da vida da Igreja, mesmo estes dons iriam dar lugar a uma revelação completa de um conhecimento perfeito: "Quando vier o perfeito, isto que é em parte será aniquilado". Quando era menino eu agia como menino, agora que sou homem acabei com as coisas de criança.

Quem quiser ainda aqueles métodos que o Espírito Santo usou de revelação de Deus aos homens, está querendo voltar à infância da Igreja. Muitos querem repetir o Pentecostes hoje. Calvário não se repete. É uma vez para sempre. Assim Pentecostes também. E aqueles dons de línguas que se produziam não só na ocasião do Pentecostes, mas na ocasião em que Cornélio se converteu, na ocasião em que aqueles doze foram rebatizados, batizados de novo pelo apóstolo Paulo conforme nos diz o capitulo 19 de Atos, todas aquelas manifestações, eram da meninice da igreja. Agora a igreja está madura, e já tem o que é perfeito. Que é que faltava chegar como "perfeito" para a igreja? Qual era o próximo evento a esperar na época de Paulo? O assunto é conhecimento, não fujamos do assunto. O que faltava vir de perfeito era matéria de conhecimento. O que faltava vir? O Novo Testamento! A Bíblia completa!

Hoje a Bíblia está completa e temos o conhecimento completo, a perfeita revelação de Deus; porque procurar mais? Todos aqueles que estão procurando revelações fora da Bíblia estão dizendo, em outras palavras, que para eles a Bíblia não é suficiente, não é completa. Sim, porque se eu dissesse aos irmãos: "Eu tive um sonho, uma revelação. Atentem para o meu sonho, aquilo que Deus me mostrou, aquilo que Deus me revelou", então eu estaria dizendo: "a Bíblia não é suficiente para os irmãos. Somem isso à Bíblia. Isso que eu tive de revelação de Deus acrescentem à sua Bíblia." Viria um outro e diria: "Eu também tive um sonho. Acrescentem mais um à Bíblia." Onde é que iríamos parar com essas revelações todas por aí? Onde caberiam as Bíblias que seriam escritas com todas as revelações que andam por aí, no espiritismo, e em certos cultos chamados evangélicos?

Para quem que conhece o grego, fica mais fácil compreender o assunto, porque o grego é bem claro. Quando se diz "quando vier o perfeito", o artigo "o" não é masculino, como se o artigo se referisse a uma pessoa, do sexo masculino, como à pessoa de Cristo. Há os que pensam que quando Cristo vier, "quando vier o perfeito", isto seria Cristo; quando Cristo voltar, só então vão cessar os dons de línguas. Mas Cristo não veio ainda. Então acham que precisam falar língua estranha, uma língua estranha no sentido de língua esquisita. Esquisita é. Mas estrangeira? Não! Não é idioma nenhum.

Agora no grego, o artigo "o" que está antes da palavra "perfeito", não é um artigo masculino. É um artigo neutro. No grego isso se refere a coisa e não a pessoa, porque as pessoas, ou são do sexo masculino, ou são do feminino.

A língua portuguesa traz essa dificuldade. Quando se fala em "o", que é artigo masculino, a gente pode interpretar como determinante de coisa ou de pessoa. E daí é a confusão. Mas no grego não há essa confusão. No grego, há palavras masculinas, femininas e neutras: artigos ou adjetivos masculinos, femininos e neutros. Para os artigos há também substantivos masculinos, femininos e neutros. Agora na língua portuguesa, tudo é ou masculino ou feminino, com raras exceções.

Eu não digo "a livro", digo "o livro". Livro é masculino, não é? Mas eu digo "a" Bíblia. Que acontece? A Bíblia mudou de sexo? Era masculina como livro e agora feminina como Bíblia? A língua portuguesa traz essas dificuldades. No grego não existe essa dificuldade.

Eu traduziria desta maneira, se eu fosse fazer a tradução do grego do v. 10. "quando vier aquilo perfeito", "aquilo". Não "aquele", que é masculino, não "aquela", que é feminino, mas "aquilo", que é neutro, porque no português existem palavras no gênero neutro, como "aquilo". Eu digo "aquele livro", "aquela Bíblia", "o que é aquilo?" Eu não falei, na tradução, "aquele" nem "aquela" mas "aquilo" porque é neutro, não é masculino nem feminino. "Quando vier !aquilo? que é perfeito, aquela coisa perfeita, então o que é em parte será aniquilado. Não se trata de quando vier uma pessoa perfeita, Jesus. É claro que Cristo, perfeito também, vai voltar, mas aqui o assunto não é a vinda de Cristo. Nós temos que nos ater às regras de interpretações da Bíblia corretas. Interpretar o versículo à luz do que vem antes e do que vem depois, quer dizer à luz do assunto. O assunto aqui é "conhecimento": conhecimento completo (perfeito) que virá em lugar de conhecimento incompleto (parcial, imperfeito).

"Agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face". Agora eu vejo as coisas de uma maneira imperfeita, incompleta, deu a entender o apóstolo, porque os espelhos no tempo quando Paulo escrevia eram diferentes dos espelhos atuais. Eram meios de reflexão imperfeitos. Não traziam nítidas as imagens que eles refletiam. Se alguém olhasse para o seu rosto num espelho, naquele tempo, teria uma pálida idéia do que é a sua própria face, o seu rosto, porque os espelhos eram grosseiros. Hoje a gente vê perfeitamente o rosto, olhando por espelhos. Mas, naquele tempo da Bíblia, quem olhava para o espelho, tinha um enigma pela frente, tinha uma coisa a decifrar, teria que decifrar o que esta ali: É assim o meu rosto mesmo? Sim, ele viria como "em enigma". Mas chegaria o tempo quando ele poderia ver face a face, ver com perfeição. É isso que Paulo está dizendo. E qual é o assunto? É o mesmo assunto: é "conhecimento". Ele está apenas ilustrando: "Agora eu enxergo o imperfeito, mais tarde vou enxergar perfeitamente aquilo que Deus quer me mostrar". Hoje temos meio de enxergar as verdades de Deus que eles não tinham: nós temos a Bíblia completa. Era como se Paulo dissesse: "Conhecerei plenamente como sou perfeitamente conhecido; os outros vendo-me face a face conhecem o meu rosto; eu só o vejo por espelho grosseiro." Não houve espelhos como os de hoje.

"Agora conheço em parte"; olhe, o assunto é o mesmo. Paulo não o mudou: "agora conheço como? em parte" (quer dizer, de uma maneira parcial, incompleta). O assunto é grau de entendimento e extensão de conhecimento, não vinda de Cristo.

"Agora permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três" v. 13. "Agora permanecem a fé, a esperança, o amor", quer dizer, os outros dons não vão permanecer, vão cessar. Quando? Quando a Bíblia for completa.

Hoje quando a Bíblia já está completa, permanecem, como dons do Espírito Santo, a fé, a esperança e o amor. São frutos do Espírito Santo. Porque quando o Espírito Santo habita no homem, produz fé, produz esperança, produz amor. O amor é um fruto do Espírito. Gal. 5:22, "Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão, a temperança."

Os batistas são acusados de não terem o Espírito Santo, porque nos cultos genuinamente batistas, tradicionais não se ouve o que se chama de línguas, e não se faz barulho. Geralmente, não há gente caindo, desmaiando, não há gritaria, choro contínuo, vozerias. Os cultos da igreja batista, dizem, são frios, silenciosos. Dê graças a Deus pelo silêncio. Imagine como eu iria falar, se todos estivessem fazendo ruído, barulho, ao mesmo tempo! Como iríamos examinar a Bíblia?

Qual é o fruto do Espírito no crente verdadeiro? Está aqui: "O fruto do Espírito é o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão, a temperança." É justamente o contrário do que outros pensam. Eles acham que o Espírito Santo faz alguém sair do controle e cair em êxtase. (Êxtase é estado de pessoa fora de si, que já não se controla mais, que então age por emoções, de uma maneira estranha, ou falando disparadamente coisas indecifráveis, ou desmaiando, ou gritando). Acham que isso é ser usado pelo Espírito Santo. E a Bíblia diz que é o contrário: o fruto do Espírito Santo é domínio próprio. A pessoa que tem o Espírito Santo tem domínio próprio; ela se domina; é temperante, equilibrada; não fica fora de si, entregue a espíritos malignos.

Eu tinha um amigo, que embora não fosse desse grupo, dos carismáticos assim chamados, perdia o controle quando ele ficava nervoso ou era contrariado. Parece-me que uma vez tomou de um prato e o atirou no chão, quebrando-o. Isso é falta de controle.

Eu soube de um homem que, quando perdeu a mãe, ficou num descontrole emocional tão grande, que chorava e puxava os cabelos. Isso é falta de controle.

Quem tem o Espírito Santo, não se descontrola.

Quando perdi minha mãe, continuei em pleno controle. Claro que chorei, com as saudades que eu tinha dela. Ela morreu dizendo, como as últimas palavras, quando teve o seu infarto: "Meu Amado Jesus, Meu Amado Jesus", na língua Árabe, e eu a entendi. Foram as últimas palavras dela. Nos seus funerais, eu contei isso a um pregador, que ficou satisfeito com o testemunho dela, pois ela morreu pensando em Cristo.

O partir do crente deixa saudades, mas não deixa amargura. Senti a partida da nossa querida irmã Nadir. Quando soube do fato ontem, lembrei quanto ela fez por mim em ofertas repetidas. Ela me deixa saudades. Mas a sua partida não deve causar amargura, nem ao seus familiares, nem revolta contra Deus. "O Senhor a deu, o Senhor a tomou, bendito seja o nome do SENHOR!".

O fruto do Espírito é domínio próprio em todas as circunstâncias. O crente verdadeiro se domina, se controla, tem poder para isso, porque tem o Espírito Santo morando nele.

O Espírito Santo não derruba ninguém, creio. Como regra, pelo menos. Ele levanta o caído, ergue o homem abatido.

Estamos falando sobre o Dom de Línguas. Existe este dom hoje? Vamos ser claros. Eu não posso acreditar que exista, porque a Bíblia diz que ia cessar, quando viesse aquele conhecimento completo. E já veio. Que poderia a igreja esperar naquele tempo, de perfeito e completo, que estava para vir em matéria de conhecimento? É a escritura do Novo Testamento. Há quase 2 mil anos a Bíblia está completa, meus caros.

Hoje, muitos religiosos querem ser pentecostalizados. Querem repetir o Pentecostes. Só que através de falsidades e falsificações. E o espírito falsificador jamais seria o Espírito Santo.

Tratemos com amor aqueles que ainda estão iludidos, porque o diabo é um grande enganador. Esses dons falsos, dons que se dizem do Espírito Santo, estão sendo produzidos em certas igrejas chamadas evangélicas (e mesmo entre grupos de católicos chamados carismáticos?) Como estão sendo produzidos esses falsos dons? Dizemos isso, com respeito, aos nossos amigos católicos, e outros chamados evangélicos, tais fenômenos se produzem no espiritismo ou no ocultismo, e também no ocultismo africano. Já soube de tribos africanas que apresentam o mesmo fenômeno de glossolalia, ou seja o falar estranho, como sendo algo sobrenatural, milagroso, espantoso, que comove tanta gente.

Vou contar a história de um moço que entrou no meu consultório, trazido por um policial. Entrou, sendo do grupo pentecostal, de uma igreja pentecostal, falando naquele estilo estranho, muito a gosto de pentecostais. Entrou bêbado e produzindo aqueles sons disparados, desconexos, que ninguém entendia. Eu até chamei a atenção a um irmão que estava presente, da nossa igreja batista em Ubirajara: "esse é um !dom de língua? (aqui no bêbado que está sendo trazido pela polícia). De tão embriagado, foi-me trazido para que eu, como médico, tratasse do caso. Que coisa estranha! Seria tal fenômeno produzido pelo Espírito Santo? Ou através do "espírito do álcool" ou de espírito maligno? Não, o Espírito Santo não falsifica nada. Ele é verdadeiro.

"Todo o dom, e toda a dádiva perfeita, vem do Pai das luzes" (Tiago 1:17). Tudo o que Deus faz é perfeito, é santo e bom. Então, cuidado! Igrejas estão se tornando pentecostais. Estão crescendo muito em número, porque atraem muita gente que gosta de ver sinais. Mas sejamos cuidadosos. Fiquemos com a Bíblia, com a Palavra de Deus. É revelação perfeita, completa, suficiente, nas palavras que Deus quis revelar aos que O amam (Deut 29:29).

Se queremos conhecer a vontade de Deus, não procuremos sonhos ou revelações. Eu sonhei que já morri e já vi o meu corpo num caixão. Isso há anos, e até agora estou vivo. Não, não pense que todo o sonho atual é sonho de revelação. Houve sonhos pelos quais Deus se revelou, no passado, sim, quando a Bíblia não estava completa. Um anjo falou a José em sonho (Mat. 1:20). No Velho Testamento também houve sonhos, como os de Faraó, que José interpretou, mas eram revelações esporádicas. Não eram sonhos que se repetiam, enchendo a Bíblia toda, não. Eram coisas raras, esporádicas, em ocasiões de muita necessidade, sonhos que tinham sentido edificante; tinham razões de urgência. Cuidado, meus amigos! Fiquemos com a Bíblia. Ela é a revelação de Deus completa para nós em matéria de palavras. Pois Deus também se revela na natureza e em fatos (Romanos 1:18-20).

Ao completar-se a Bíblia, já veio algo de perfeito, que torna dispensáveis, desnecessárias as revelações parciais, como profecias, ciência ou conhecimento sobrenatural, e revelações por meio de línguas estrangeiras. Estas formas de revelações, parciais, incompletas, usadas por Deus no passado, deram lugar à Bíblia, revelação escrita completa, de Deus para o homem. Antes, o homem de Deus conhecia em parte, incompletamente. Agora, chegada a revelação perfeita, ele pode conhecer plenamente, em cheio.

É esclarecedora a ilustração do apóstolo Paulo: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino, mas logo que cheguei a ser homem acabei com as coisas de menino." I Cor. 13:11.

Assim também, na infância da igreja, ela tinha revelações próprias a uma criança. Agora, que já tem maturidade suficiente pela Bíblia, para o conhecimento completo da revelação de Deus, do que é necessário saber, agora, ela pode dizer que acabou com as coisas da infância. Já veio algo de perfeito, completo: a Bíblia completa. Agradeçamos a Deus, porque agora podemos conhecer plenamente aquilo que Deus nos quis revelar.

Assim cremos que no capitulo 13, dos versículos 8 a 13, Paulo comparou, "conhecimento incompleto ou parcial", com "conhecimento pleno, perfeito". Passou o que era parcial. Agora, estamos perante a possibilidade de um "conhecimento pleno e completo" da vontade revelada de Deus: a Bíblia perfeita, a Bíblia que é a revelação completa em palavras para as gerações posteriores, não deixando lugar para mais revelações adicionais.

Paulo colocou juntas três formas de revelações que iriam cessar: profecias, dons de línguas e de ciência, ou de conhecimento sobrenatural. Assim como não cabem mais profecias, depois da Bíblia, também não cabem outros tipos de revelações, por meio de línguas ou de ciência sobrenatural.

Não devemos pois acreditar, como revelações de Deus, as que vieram posteriormente, como o Alcorão, usado como escritura sagrada pelos muçulmanos; nem como o Livro de Mormon, usado como revelação equivalente à Bíblia, dos chamados Santos dos Últimos Dias, ou Mórmons; nem devemos aceitar, como vindas de Deus ou do Espírito Santo, as pretensas revelações dos centros espíritas, ou mesmo de certas igrejas chamadas evangélicas, agora que temos a revelação escrita, de Deus, pelo Espírito Santo, sim, a Bíblia, a Bíblia Sagrada.

A Bíblia mesma fala de revelações de procedência maligna. Em Atos 16:16-18, narra-se o fato de uma jovem que tinha o espírito de adivinhação e que, seguindo a Paulo, clamava dizendo: "Estes homens, que vos anunciam caminho de salvação, são servos do Deus Altíssimo." Porventura essa revelação não era verdadeira? (Verdadeira sim. Eles eram servos mesmo do Deus Altíssimo). Mas qual a sua procedência? Por acaso veio de fonte divina? Certamente que não. Paulo voltou-se e disse ao espírito: "Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu."

No evangelho de Marcos 3:11, se declara que os espíritos imundos, quando viam Jesus, prostravam-se diante dEle e clamavam dizendo: "Tu és o Filho de Deus." Porventura não era uma revelação verdadeira? Verdadeira sim. Mas, de que procedência? Dos espíritos imundos.

Cuidado pois, caro ouvinte, não aceitar como revelação de Deus hoje, quando temos a Bíblia completa, como perfeita revelação de Deus, não aceitemos hoje outras revelações fora da Bíblia como provenientes de Deus ou do Espírito Santo, pois se o Maligno falava até certas verdades, para depois acrescentar falsidades e erros, para desviar da verdade aos ouvintes, será que as forças malignas deixaram de agir hoje nesse sentido? Cuidado! irmãos e amigos! Fiquemos com a Bíblia. É muito inseguro e arriscado aceitar outras revelações fora desse Livro Sagrado: A Bíblia. Inspirada sim pelo Espírito Santo, para o nosso proveito, é suficiente, bem suficiente, para nos levar a conhecer tudo que Deus queira que nós conheçamos na vida espiritual, como revelação em palavras.

Passemos a I Cor. 14:1-40. Pois o estudo sobre o Dom de Línguas ainda continua nesta seção da Bíblia.

Para bom entendimento, convém que o ouvinte permaneça com a Bíblia aberta nesse capítulo 14, e procuraremos fazer a interpretação de cada versículo a seguir:

Apresentarei as lições que eu pude colher, segundo o meu entendimento, para cada versículo:

v.1. Não procurar hoje os dons que cessariam com o término da revelação, pelos escritos do Novo Testamento.

v.2. O que fala em língua, idioma estrangeiro, não fala aos homens. Ninguém a entende se a língua é estrangeira, só Deus. Nem o locutor a entende. Se entendesse não necessitaria de intérprete. Em espírito, no Espírito Santo, segundo creio, fala com a boca, não de modo misterioso, ininteligível, mas expressa, em palavras verdadeiras, revelações de Deus, em idioma estrangeiro. "Fala mistérios", mas não misteriosamente, em língua misteriosa. Desvenda mistérios (o que era antes encoberto).

v.3. O que profetiza, fala diretamente aos homens, não somente a Deus, para edificação, exortação e consolação.

v.4. O que fala em língua estrangeira, edifica-se a si mesmo, e não a outros. Edifica-se como? se não entende o que diz? Edifica-se, fortalecendo-se espiritualmente, com sentimentos positivos de alegria, satisfação, fé no doador de língua estrangeira. Com a alegria por ser contemplado como um recipiente de bênção divina. Não edifica a igreja enquanto não houver intérprete. Os falsos produtores de ruídos, falsas línguas, também não edificam a igreja, nem no presente nem em futuro algum, pois não terão intérprete verdadeiro. Talvez tenham alguma emoção, mas baseada em falso, em ilusões. Se o que fala em língua estrangeira não edifica a igreja por falta de interprete, muito menos edificaria a igreja o falso produtor de língua falsa.

v.5. Quem profetiza é maior do que o que fala em língua verdadeira, porém estrangeira, a não ser que a intérprete para a edificação da igreja.

v.6. Se eu falar em línguas, mesmo verdadeiras, de que aproveitaria ao ouvinte se não for por revelação de Deus, ou de conhecimento, ou de profecia, ou de ensino? Que adiantaria falar, mesmo inteligivelmente, de assuntos vaidosos?

v.7. Até flautas e cítaras devem produzir notas musicais distintas, para se conhecer que música é apresentada. Assim o falar em língua deve ser claro, expressivo.

v.8. Para preparar soldados a batalha, até a trombeta deve emitir sonido claro, definido, certo.

v.9. Assim o falar em línguas verdadeiras, exige também dicção clara, inteligível, e não ruídos que ninguém pode interpretar e entender.

v.10. Há diversas vozes humanas, falas humanas, verdadeiras (em idiomas), e todas com significação, com sentido, pois são expressões do pensamento, e não ruídos sem significação. São idiomas, línguas de verdade.

v.11. Se eu não souber o significado da fala verdadeira, é por ser eu estrangeiro para o orador, e ele estrangeiro para mim.

v.12. Procurar dons para edificar a igreja. As falsas línguas porventura a edificam?

v.13. Se é para orar, para poder interpretar a língua estrangeira, é porque esta é idioma de verdade e não ruído sem sentindo e idioma nenhum.

v.14. Se eu orar em língua estrangeira, o meu espírito ora sim, em língua verdadeira e estrangeira, mas como não entendo tal língua verdadeira, o meu entendimento fica infrutífero, nada produz de útil, nem para mim nem para os outros.

v.15. Para orar em espírito e com entendimento, devo fazê-lo na língua que eu entendo, ou que tenha correta interpretação, português, por exemplo. Assim também o cantar. Devo cantar com boa dicção, em minha língua para entender e para ser entendido. E mesmo na minha língua, devo orar com lógica.

v.16. Se tu bem disseres com o espírito, isto é, somente com o espírito, mas não com lógica e entendimento também, como dirá "AMEM", assim seja, o indouto que não conhece a língua estrangeira? Ou o que dizes, sem lógica, mesmo em tua própria língua?

v.17. Tu dás bens as graças, na língua estrangeira, mas o outro não é edificado, se a língua não for traduzida; ou se na tua língua não o fizeres de modo inteligível.

v.18. Falo em línguas verdadeiras estrangeiras, como grego e latim, provavelmente, e no meu idioma de nascimento.

v.19. Quero falar poucas palavras de língua que entendo, para que possa ensinar algo útil aos outros, e não dez mil palavras em língua, verdadeira embora, mas estrangeira, que nem eu nem os outros entendam a não ser que se interprete.

v.20. Procuremos entender o que se fala.

v.21. Por homens de outras línguas verdadeiras, e por lábios estrangeiros, por línguas estrangeiras, falarei a este povo. Trata-se de idiomas de povos estrangeiros, não de línguas dos anjos, ou de ruídos estranhos, sem significação nenhuma.

v.22. A língua estrangeira era um sinal, algo milagroso, para convencer os ímpios do caráter divino do Evangelho que era pregado. A profecia se destina aos crentes que não precisam ser convencidos por milagres ou sinais que apresentem o Evangelho.

v.23. Se todos falarem em línguas verdadeiras mesmo, mas estrangeiras, e entrarem ignorantes de tais idiomas, não dirão que os oradores estão malucos? Pois não estariam sendo úteis.

v.24 e 25. Se todos profetizarem sem linguagem estrangeira, por todos é convencido o visitante, e este adorará a Deus, uma vez convencido da verdade sobre Deus.

v.26. Que fazer? Faça-se tudo para a edificação dos outros, e de si próprio. Esses ruídos modernos, línguas falsas, acaso edificam alguém?

v.27. Que haja ordem e intérprete também.

v.28. Se faltar intérprete, cale-se o que tem o dom de falar língua verdadeira estrangeira, e fale consigo e com Deus, consigo e com Deus, se for língua estrangeira, que só ele e Deus entendam, ou somente com Deus se só Deus entende.

v.32. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas, isto é, creio eu, os profetas podem dominar o seu espírito, não perdem o domino próprio, caindo em êxtase. E, por isso, porque Deus não é Deus de confusão (v.33), todos podem profetizar, um por vez, (v. 31) e fazer tudo com decência e ordem (v 40).

Mas minha conclusão, em tudo que foi dito, é que hoje, com a revelação e o material de conhecimento pleno, perfeito, a Bíblia, que já veio, as línguas como dons do Espírito Santo já cessaram. I Cor. 13:8.

Autor: Felix Racy
Rua Hermínio Scarabotolo, 308-A
Palmital Prolongamento
17511-560, Marília, São Paulo - Brasil
Datilografada por Renata Gomes dezembro 2001
Revisão: Calvin G. Gardner, dezembro 2001; Felix Racy, março 2002
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

domingo, 11 de junho de 2017

Os Pentecostais, Os Neo-Pentecostais, Os Carismáticos

OS PENTECOSTAIS

A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO

O primeiro grupo de pentecostais conseguiram sua membresia das igrejas Holiness Weslyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, dos grupos renovados onde elas começaram (batistas, metodistas, presbiterianas). O primeiro grupo enfatizava o falar em línguas estranhas como evidência do Batismo no Espírito Santo. Em termos de data, foi provavelmente a abertura do Bethel Bible College em Topeka, Kansas, dirigido por Charles Parhan, em outubro de 1900.

Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obra do Espírito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe impusessem as mãos para que ela recebesse o Espírito. Ela falou em línguas, e mais tarde, outros estudantes falaram em línguas também.

Parhan abriu outra escola em 1905, na cidade de Houston, Texas. Foi de lá que William J. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o líder de uma missão no número 312 da Rua Azusa em Los Angeles, no ano de 1906. Falar em línguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitá-la tiveram experiências similares e levaram a mensagem para outros países. Pode-se dizer que a Missão da rua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial. Essa missão chamava-se "MISSÃO APOSTÓLICA DA FÉ". Este nome durou até 1914 quando foi mudado para "ASSEMBLÉIA DE DEUS".

Muitos jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com William J. Seimor para receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os fundadores da Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais em 1908,

Em 1907, um pastor chamado William H. Durhan, recebeu de Seimor os dons. Durhan abriu sua própria missão também em Los Angeles. Ficava na North Ave, 943. Foi nesta missão que Louis Francescon, futuro fundador da Congregação Cristã do Brasil, recebeu os seus dons.

OS PENTECOSTAIS NO BRASIL

O pentecostalismo no Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em três épocas diferentes. São eles:
- Os pentecostais históricos que surgiram na primeira década deste século (Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil).
- Os pentecostais da segunda geração, surgidos a partir da década de 50 (Quadrangular, Brasil para Cristo, Casa da Bênção, Deus é Amor);
- e os neopentecostais, surgidos a partir da década de setenta sendo a principal a Universal do Reino de Deus.

A ORIGEM DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL

A Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil. Foi fundada no Brasil pelo missionário Louis Francescon, um italiano nascido em Cavasso Novo, Udine. Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em 1891. Nessa igreja chegou a ser diácono e, na ausência do pastor, causou distúrbios à fé presbiteriana, indo-se batizar por imersão juntamente com outros 18 membros. Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903, mesmo não sendo ordenado para o ato. Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H. Durhan. Nesta mesma igreja foi-lhe revelado que deveria pregar à colônia italiana, o que fez com presteza.

Francescon visitou a Argentina em Setembro de 1909 e em Janeiro de 1910. Chegou ao Brasil em Março de 1910, na cidade de São Paulo. Através de um contato direto foi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira igreja no Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta igreja foi tímido até o meado dos anos 50. A partir desta data cresce expressivamente. No Sul e Sudeste do pais, muitas igrejas do interior que professavam a fé presbiteriana foram alvos de renovação por parte dos adeptos da Congregação.

Interessante é notar o dom de línguas que possuía. Em seu diário ele diz que por suas mãos muitas pessoas conseguiram estes dons. Mas acaba entrando em contradição na página 23 do mesmo. Lá ele diz: "Outra dificuldade que encontrei foi não conhecer uma palavra do idioma portuguesa, se achar sem dinheiro e doente". E o dom de línguas que possuía, servia para quê?

A ORIGEM DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL

Em 19 de Novembro de 1910 chegaram ao Brasil dois pastores. O primeiro era Gunnar Vingren, um ex-pastor batista que fora excluído do ministério pela Igreja Batista de Michigan. O segundo era Daniel Berg que também fora excluído da comunhão batista. Depois de receberem os dons de William Seimor, e para atender a um sonho de um irmão chamado Adolf Uldin, vieram para o Brasil.

Chegando em Belém de Pará se apresentaram a Eurico Nelson, um missionário batista no Amazonas. Identificando-se como batistas, ofereceram-se para ajudar no trabalho e pediram hospedagem. Como não tinham carta de recomendação, e nem podia ter pois eram excluídos, o missionário deixou-os usar o porão da igreja como casa.

Logo depois Eurico Nelson precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidade para que os dois recém chegados pedissem ingresso na igreja, declarando-se membros de uma igreja nos Estados Unidos. Vingren declarou sua condição de pastor e a igreja recebeu-os com alegria. Como não sabiam falar português e nem os membros inglês - com exceção de um - tudo ficou muito fácil. Nota-se uma certa desonestidade em como eles conseguiram a entrada na igreja. Primeiro que não falaram que eram membros excluídos. Depois porque não esperaram a volta do pastor titular que, naquele tempo, tinha que fazer a viagem de Belém de Pará ao sul de navio, e levaria meses para voltar.

Os dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão da igreja. Só alguns membros eram convidados e as reuniões começavam após o término dos cultos regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas e estranhos ruídos. Alguns membros da igreja começaram a adotar as idéias dos falsos irmãos. Aumentando o número e chegando ao ponto de haver manifestações pentecostais numa reunião de oração da igreja, o evangelista Raimundo Nobre convocou, com o apoio da maioria dos diáconos, uma sessão extraordinária, e os adeptos de Vingren e Berg foram excluídos. Ao todo foram treze pessoas excluídas. (dezenove segundo o MP 06-96). No meio deles estava o moderador da Igreja, substituto direto de Eurico Nelson, José Plácito da Costa, homem culto e o provável tradutor das mensagens pentecostais nas reuniões do porão. A igreja contava com 170 membros, assim, é estranho que o historiador pentecostal, Emilio Conde, diga que a minoria excluiu a maioria.

Vingren e Berg não pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismo dentro das igrejas batistas. Percorreram o Brasil inteiro na busca de novas renovações. Pode-se dizer que em muitos casos foram bem sucedidos. O próprio Vingren afirma em seu diário que: "Por onde íamos, buscávamos nas igrejas e nas casas dos batistas infundirem o novo batismo". Este novo batismo constituía de doar aos crentes já convertidos o dom de línguas.

Nisso Vingren também entra em contradição na questão dos dons de língua. Ele considerava-se o doador do dons de línguas a muitos crentes. Pois bem. Na página 34 de seu diário ele relata: "Agora com esforço começamos a estudar a língua, e durante esse tempo participamos dos cultos da igreja Batista. Por não termos dinheiro para pagar as aulas, Daniel teve de conseguir um emprego na fundição. Ali ele trabalhava de dia, enquanto eu estudava o idioma. Depois eu lhe ensinava de noite o que aprendera de dia. Assim, com esforço aprendemos o português." Esse foi o mesmo erro de Francescon. Que dom era esse que não foi usado para o fim que a Bíblia deixou, pois, em Atos 2, diz que as línguas faladas pelos apóstolos coincidia com a necessidade de cada ouvinte; Romano ouvia em Latim. Grego em grego. E nenhum dos apóstolos tiveram que entrar na escola para aprender idioma nenhum. Em 1911 os dois fundaram a Missão de Fé Apostólica que posteriormente mudou-se de nome para Assembléia de Deus. Cresceram muito após a década de 50 e são hoje o maior grupo de pentecostais no Brasil, chegando a mais de três milhões de adeptos.

A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA GERAÇÃO

A partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que percorreram todo o país. Usavam-se tendas como templos improvisado e grandes anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração de pentecostais.

Foi assim que nasceu a IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR. Ela foi fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de São Paulo. Foi inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como os assembleianos e os cristãs. Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores. Deixando a recomendação de Paulo em I Tm 2,8-13, atropelaram as escrituras e ordenam mulheres para o ministério, dando a estas o título de pastoras. Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.

A febre do pentecostalismo estava a toda, nessa época. Em 1956 o ex-pastor assembleiano e depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas duas igrejas. Dessa divisão surgiu a IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Esta igreja foi um pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente que a Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele chegou a ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros da Assembléia de Deus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros. Na última pesquisa feita o número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho deixou de ter o crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido muitos membros para as divisões das Assembléias e para os neopentecostais.

As igrejas pentecostais continuaram a rachar. Em 1960 surgiu a IGREJA NOVA VIDA no Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que teve origem assembleiana, deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja atualmente não mais está em ascensão. Cresceu muito entre a população mais carente do país. O fato de seu fundador e líder quando ainda estava vivo ajudava muito a sua propagação, mas após a sua morte houve uma estagnação. Seus programas de rádio tinham grande audiência na camada mais pobre, e principalmente, nos moradores da zona rural. Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes a IGREJA SÓ O SENHOR É DEUS, que teve como fundador o missionário Miranda Leal (Que dizem ser primo de Davi Miranda). Esta igreja que tinha a sua sede em Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, tinham a forma de uma Arca, como a de Noé, atualmente esta denominação não mais é liderada pelo missionário Miranda Leal em função de uma falsa profecia que assegurava por ele a volta de Cristo para o ano de 1999, mas continua a denominação sobre outra liderança após a sua renúncia. Em 1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É quase inexpressiva nas cidade de pequeno porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.

OS NEOPENTECOSTAIS

Neopentecostalismo é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração. São assim chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo. Não se apegam à questão de roupas, de televisão, de costumes, e têm um jeito diferente de falar sobre Deus. Dualizam o mundo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles o mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função expulsá-los. Pregam a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisa de Satanás. Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus cultos são sempre emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico. Em muitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões orientais, tais como Seicho-No-E, induísmo e budismo. Para eles o crente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.

Este movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se muito aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anúncio de curas e milagres, tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.

No Brasil a maior igreja neopentecostal é a UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD). Já conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior igreja evangélica do país, ficando atrás apenas da Assembléia e da Cristã. Fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopal como o católico. Possui um forte esquema de comunicação, que é sem dúvida o fator de peso na divulgação e no crescimento de seus trabalhos.

Depois da Universal a maior igreja neopentecostal no Brasil é a IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA. Esta igreja foi fundada em 1980 pelo missionário R. R. Soares no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores apresentadores de igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe muito na apresentação de seus programas. Outra Igreja forte no ramo neopentecostal é a RENASCER EM CRISTO, que trabalha principalmente com a camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão. A tendência é crescer. Seu fundador se autodeclarou "apóstolo".
E agora por último a Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus liderada pelo então denominado "apóstolo" Agenor Duque e a sua esposa Ingrid Duque a qual também se intitula "bispa".

AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO

Os pentecostais alegam que o aparecimento do Espírito Santo dentro das igrejas surgiu como resposta de Deus ao modernismo teológico (MP pg 04, 06-96). Quer dizer que o Espírito Santo tinha sumido das igrejas por quase dois mil anos? Poucos sabem, quando afirmam uma coisa dessas, que quando os pentecostais estavam renovando os trabalhos batistas no começo do século, estes mesmo "crentes frios", estavam dando suas vidas em campos missionários de todo o mundo. Antes de dividir as igrejas de Jesus seria bom que lessem Provérbios 6,19.

OS BATISTAS RENOVADOS

A renovação das Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de 1958. Desde esta data até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas reuniões foram feitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas de todo Brasil.

O iniciador do movimento divisório nas igrejas batistas do Brasil foi um pastor da Igreja Batista de Vitória da Conquista chamado José Rego do Nascimento. Era um grande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas de nome para o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini, pastor da Igreja Batista de Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias vezes. Houve muitas reuniões de um comitê organizado para este fim, formado por 11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que: "A atuação do Espírito Santo na vida dos crentes, se faz através de um processo chamado santificação progressiva; que manifestações emotivas, por mais sinceras que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos; que a ênfase dada à doutrina do batismo no Espirito Santo tem causado reuniões barulhentas, carregadas de emocionalismo e provocado manifestações de orgulho espiritual, bem como proselitismo de crentes que não adotam tais idéias." Isso aconteceu em 1963.

Em 1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, as preocupações maiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o mesmo ano. No plenário mais uma vez surgiu o problema da renovação. O presidente vendo que isso atrapalharia a campanha pediu que a questão fosse resolvida no ano seguinte. Porém a intransigência dos reavivalistas foi tanta, que precisou ser resolvida naquela convenção. Decidiu-se então pela exclusão da comunhão as igrejas renovadas. Só naquele ano mais de trezentas igrejas se rebelaram e tiveram que ser excluídas. Juntas formaram uma convenção a qual denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve uma divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.

OS CARISMÁTICOS

O movimento pentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as denominações antigas (batistas, presbiterianas, metodistas, etc.). Até então falar em línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus condenando as denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de suas igrejas originais condenavam os que não aceitavam o pentecostalismo. De repente o mundo pentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi a chegada dos pentecostais católicos, ou CARISMÁTICOS.

No início de 1960 explodiu a mania carismática nas antigas denominações Episcopais da Califórnia. Seu líder principal foi Dennis Bennet de Van Nuys. Um discípulo dele, Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os anos de 1961-66. Por esse mesmo período Larry Christensen liderou o avivamento carismático entre as igrejas luteranas nos E.U.A.

Em 1967 foi a vez da Igreja Católica Romana formar seu grupo de carismáticos. Tudo começou num retiro de Universitários na Universidade de Duquesne, Pittsbush. Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande líder dos carismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967 ele levou a mensagem carismática para a Universidade de Notre Dame, e muitos alunos e professores falaram em línguas.

De princípio tanto os pastores pentecostais, como padres católicos, condenaram o mais novo movimento pentecostal. Na verdade os padres até tinham uma certa razão, pois, era um ensino totalmente contrário às doutrinas do Vaticano. Já os pastores pentecostais condenavam mais por ciúme, afinal, a grande vantagem de falar em línguas, que foi a bandeira dos pentecostais por mais de seis décadas, estava agora na boca dos idólatras católicos. A diferença dos carismáticos com os pentecostais é: Primeiro que eles se renovam e permanecem nas suas próprias congregações, enquanto os pentecostais históricos dividiam as igrejas. Os carismáticos usualmente pertenciam à classe média, são separatistas, urbanizados, de tendência ecumênica e pluralistas em sua teologia. As igrejas pentecostais clássicas eram originalmente constituídas de operários e eram barulhentas em seus cultos. Na questão de barulho os carismáticos atuais já alcançaram seus primos pentecostais clássicos. Os carismáticos são idólatras e os pentecostais não. No demais são bem parecidos.

Os carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975. Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento ecumênico o Papa Paulo falou simpaticamente à assembléia. Foi uma vitória ao movimento carismático. De princípio João Paulo II não aprovou muito o movimento. Mas por último ele se tornou favorável, principalmente porque os carismáticos já haviam se organizado em quase todo o mundo, e no Brasil, que é o maior país Católico do mundo, o movimento está esparramado em quase todas as suas paróquias. Para dizer com mais sinceridade é o movimento carismático que está conseguindo deter o movimentos pentecostal e neopentecostal na América Latina, que aliás, é o grande reduto católico do mundo.

A grande pergunta é: Estavam certos os pentecostais de condenar o movimento tradicional? Que dizer de uma pessoa que acredita em purgatório, santos e imagens, cultos aos mortos, adoração de Maria, entre outras barbaridades, falar em línguas também? É preciso ter muito cuidado quando falamos desse assunto.

Jonir Walendorff