quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Ide e Fazei Discípulos

Portanto ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (Mateus 28:19)

Este versículo é um dos mais conhecidos da Bíblia e certamente é um dos mais lembrados quando o assunto é a evangelização. Embora sua aplicação sirva corretamente a esse propósito, poucas pessoas conhecem um detalhe interessante nessa passagem.

É comum ouvir alguém dizendo que temos que fazer o “ide” que Jesus ordenou; que temos que “ir”, porque o “ide” é o esperado da Igreja, ou seja, a ênfase sempre é colocada no “ide”. O mesmo acontece com a passagem correlata em Marcos, onde geralmente é destacado o “Ide por todo o mundo” (Mc 16:15).

Confesso que nunca tinha visto problema nessa interpretação até que certa vez fui questionado por uma aluna acerca de um “excelente” trabalho evangelístico que uma determinada denominação estava realizando. O problema é que tal denominação é um centro de heresias. Ao expor a essa aluna a verdade sobre as heresias pregadas por essa denominação, ela me respondeu o seguinte: “Ah, pelo menos eles estão fazendo o ide que o Senhor ordenou”. Foi aí que eu percebi que talvez houvesse um problema com essa interpretação tão popular. Minha resposta para ela foi em forma de outra pergunta, a mesma que agora repito para você que está lendo esse texto: O que significa o “ide” para você? Talvez no final do texto você mude a sua resposta.

Quando falei que poucas pessoas conhecem um detalhe interessante nessa passagem, me refiro ao modo com que o texto é construído no original grego. Sem entrar em muitos detalhes cansativos sobre a gramática grega, podemos dizer que o verbo “ide” não está no imperativo. Na verdade o “ide” está no particípio, qualificando o imperativo da frase, ou seja, no grego a ordem dada por Jesus é o “fazei discípulos” e não o “ide”. Nessa sentença o ide apenas determina a maneira pela qual a ordem de se fazer discípulos é cumprida. Mesmo com esse detalhe, como já disse, nunca vi problema na interpretação popular que coloca o “ide” como sendo a ordem da sentença, pois afinal, para fazermos discípulos devemos “ir”.

A questão toda é que, através dos argumentos da minha interlocutora, percebi que ultimamente as pessoas estão concentradas apenas em “ir“, ou seja, enfatizam, sobretudo, o “ide” e, de fato, estão “indo“. Mas o ponto chave é: Indo para onde? Indo fazer o que?

O problema não está no entendimento do “ide“, mas sim na falta de compreensão acerca do que realmente é o “fazei discípulos“. Qualquer um pode “ir”. Uma seita pode ir, uma denominação que prega heresias pode ir, até mesmo um incrédulo pode ir. Mas o “fazer discípulos” é que não é para qualquer um. Para que não houvesse dúvida, o próprio Jesus nos esclarece que é somente pela pregação do Evangelho que podemos fazer discípulos.

Sem o Evangelho verdadeiro é possível fazer espectadores para os cultos, público para as apresentações da igreja, consumidores para o mercado “gospel”, clientes para as campanhas que estão na moda, e ativos para o relatório financeiro do mês. Só não será possível fazer discípulos como Jesus ordenou. Somente a mensagem que expõe a verdade sobre o pecado e aponta para o Cristo ressuscitado é que pode gerar discípulos verdadeiros para o reino de Deus, batizados como sinal de que foram regenerados, remidos de seus pecados e unidos com Cristo.

Apenas ir não basta. A ordem do Mestre é que façamos discípulos. Como faremos isso? Simples! Indo pelo mundo, pregando o Evangelho. Até podemos continuar encarando o “ide” como imperativo, desde que esse nosso “ir” necessariamente resulte no “ir” de pecadores a Cristo através da Palavra genuína.

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