quinta-feira, 20 de julho de 2017

A Santíssima Trindade - Um só Deus ou Três Pessoas

A doutrina da Santíssima Trindade é um ponto central da fé cristã. Apesar de ser a questão mais complexa no estudo teológico, tanto que frequentemente é denominada como sendo “um grande mistério”, isso não significa que ela não seja bíblica, simplesmente porque não a entendemos completamente. Assim, o dogma da Trindade precisa ser ensinado e pregado nas Igrejas, afinal, estamos falando sobre quem é o nosso Deus.

Construções Bíblicas Trinitárias

Existem diversas passagens bíblicas, do Antigo ao Novo Testamento, que apontam para a verdade acerca do Deus Triúno. No Antigo Testamento, logo no primeiro capítulo de Gênesis, é possível perceber a ação da Trindade na Criação, o que depois fica ainda mais evidente a luz de passagens neotestamentárias como João 1:1-3 e Colossenses 1:16,17.

Os próprios nomes de Deus na Bíblia muitas vezes apontam para a Trindade Divina. Elohim é um dos termos utilizados para se referir a Deus no Antigo Testamento, e apesar de ser uma forma plural, isoladamente ele não pode ser utilizado para provar a Trindade, mas dentro de contextos como Gênesis 1:26 e 3:22, pode-se dizer que de alguma forma esse termo aponta para a triunidade de Deus.

Além dessas duas referências em Gênesis, existem várias outras, onde Deus fala consigo mesmo, ou de si mesmo, especialmente utilizando verbos e pronomes no plural (Gênesis 11:7; Isaías 6:8; etc.). Resumindo, o Antigo Testamento claramente faz uma distinção de pessoas na Divindade (cf. Gênesis 19:24; Isaías 48:16; 59:20,21; 63:9-10; Oséias 1:7).

Já o Novo Testamento é ainda mais direto, declarando que o Pai é Deus (João 6:27), o Filho, Jesus Cristo, é Deus (João 1:3; 5:27; 10:30) e o Espírito Santo é Deus (Atos 5:3,4). As três passagens principais no Novo Testamento que apontam para a veracidade da Santíssima Trindade são:

Quando João Batista batizou Jesus (Mateus 3:16,17). Na fórmula batismal (Mateus 28:19). Na benção conhecida como Benção Apostólica (2 Coríntios 13:13).

O Deus Trino e Uno

A Bíblia afirma indiscutivelmente que só existe um Deus verdadeiro. O versículo mais direto sobre esse assunto está registrado em Deuteronômio 6:4, que ficou conhecido como a declaração de fé dos judeus, o Shemá. Existem também muitas outras passagens igualmente claras que comprovam que há um único Deus (ex.: Deuteronômio 4:39; Isaías 43:10; Isaías 45:18; etc.).

A palavra hebraica geralmente utilizada no Antigo Testamento e traduzida como “um” ou “único” é echad. Essa palavra pode ser aplicada para se referir a uma unidade formada por mais de uma pessoa (cf. Gênesis 2:24; Esdras 3:1). Isso significa que dizer que Deus é um, não implica em uma contradição com a doutrina da Trindade, além de que tal doutrina jamais afirma que existem três Deuses, ao contrário, apenas um Deus que subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O Novo Testamento também aponta para a triunidade de Deus (Mateus João 14:26; 1Coríntios 8:4-6; 2 Coríntios 13:14; Efésios 4:3-6).

As Crenças Inadequadas

Ao longo da história da Igreja, muitas teorias heréticas surgiram na tentativa de distorcer ou mesmo negar e rejeitar as verdades bíblicas acerca da Santíssima Trindade. Destaco aqui as principais:

Arianismo: negava completamente a Trindade, afirmando que Jesus era uma criatura de Deus, ou seja, o Arianismo entendia que o Filho não era eterno, sendo menor que o Pai. Monarquismo Dinâmico: negava a divindade de Jesus, afirmando que Ele era simplesmente alguém que recebeu o poder de Deus por ocasião do batismo, e isso o elevou como superior aos homens. Outros também afirmavam que Jesus se tornou divino devido a sua ressurreição. Sabelianismo: também conhecido como Monarquismo Modalista. Negava existência de três pessoas na Divindade, afirmando que Pai, Filho e Espírito são diferentes modos (ou máscaras) que o único Deus assume durante a História.

Resposta às Objeções Acerca da Trindade

A palavra Trindade não pode ser encontrada na Bíblia, mas isso não significa que a doutrina da Santíssima Trindade não seja bíblica, ou que podemos negá-la. Vimos, mesmo de forma bastante resumida, que existe base bíblica suficiente para atestá-la.

Geralmente os grupos contrários à doutrina da Santíssima Trindade a acusam de introduzir na teologia cristã princípios influenciados pelo paganismo da filosofia grega, porém não há nada de verdadeiro nisso. Fazendo uma análise correta, a teoria que se mostra influênciada por elementos pagãos é o Arianismo, pois considera válida a adoração a um ser que, segundo defendia os arianos, não era verdadeiramente Deus. Lembrando que esse tipo de teoria ainda permanece em alguns círculos na atualidade.

De qualquer forma, qualquer tipo de argumento sobre uma possível influência extra-bíblica, seja da filosofia grega, do paganismo ou mesmo do imperialismo romano, não pode ser harmonizado com o posicionamento oficial acerca da Trindade formulado nos Concílios de Niceia e Constantinopla, e muito menos se sustenta à luz das Escrituras, onde o único Deus se revela em uma Santíssima Trindade (Gênesis 1:26; 16; 18; 19; Mateus 3:16; Lucas 4:18; 11:27; 28:19; João 1:1-3; 5:23; Atos 10:36; 20:28; Romanos 9:5; 10:9; 2 Coríntios 13:13,14; Colossenses 2:9; 1 Tessalonicenses 3:11; Hebreus 1:5-8; etc.).

Conclusão

Em 1 João 5:7, lemos: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”. É verdade que esse versículo não aparece nos manuscritos mais antigos, e por isso é apontado por quem rejeita o dogma da Trindade como uma adição posterior.

Seja como for, adicionado posteriormente ou não, esse versículo apenas concorda com o que é ensinado exaustivamente em toda a Bíblia. O escritor do livro de Hebreus entendeu isso perfeitamente quando escreveu a introdução de sua epístola, especialmente na sentença: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” (Hebreus 1:5-8).

Na carta escrita pelo apóstolo Pedro, também encontramos de forma bastante simples e objetiva a verdade acerca da Santíssima Trindade, que consiste em um só Deus em três Pessoas: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pedro 1:2).

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